4.11.10

O amor mascara-se tão bem que nem nós o reconhecemos. Esconde-se atrás de defesas e desencantos, interesses e projecções, modelos e ideais, ficando por vezes encoberto, desfigurado, irreconhecível. Mas a capacidade de nos darmos aos outros está lá, bem menos exigente do que pensamos, aguardando apenas quem a saiba descerrar. Na verdade, nem é preciso muito. basta uma palavra, um eco, um simples gesto que nos comova, para darmos connosco a desvalorizar todos os obstáculos e entregarmo-nos cegamente. De um momento para o outro começamos a querer bem a uma pessoa, elegendo-a sobre todas as outras, e quando damos por nós, estamos presos a ela por laços tão apertados que mesmo que quiséssemos, não os saberíamos desatar.